em branco

memórias de um jovem rockeiro - 2 - queen

Queen e Deep Purple eram minhas bandas de rock preferidas.
Na MPB, Milton Nascimento e 14 Bis. Preferia o som de Minas instintivamente, sem discernir ainda que essa "facção" da MPB era a que melhor processava a influência do Rock, especialmente dos Beatles.

Mas, dizia, Queen e Deep Purple eram minhas bandas de rock preferidas, por isso, quando se anunciou que o Queen viria ao Brasil, eu decidi: "precisava" ir.
Ainda mais que eu vos falo de 1981, nesta remota época as grandes bandas não se arriscavam abaixo do Equador - Deep Purple tive que esperar mais cinco anos para ver.

E olha que meu pai - preocupado com os rockeiros mal-encarados, com as más companhias, com as drogas - me ofereceu todos os discos do Queen em troca do ingresso para o show.
Não digo, "Ah, se fosse hoje!", porque hoje posso baixar a discografia do Queen "de grátis" pela Internet, mas "Ah, se fosse há cinco anos atrás!" Depois que passei dos trinta, dou um boi para não me meter no meio dessas multidões!
Mas em 1981 eu tinha 15 anos e Queen ao vivo, eu sabia, seria "o grande acontecimento da minha vida!"

A prefeitura disponibilizou ônibus "especiais" que saíam do Anhangabaú para o Estádio do Morumbi, palco do grande show.
Se ir da Freguesia ao centro da cidade já não era um passeio, se espremer nos velhos CMTCs lotados, então...
Mas fomos, estóicos como apenas os adolescentes podem ser, fomos. Eu e minha turma.

Dentro do estádio, reinava a mais completa calmaria. A lua cheia espreitando meus sonhos por trás de nuvens que passavam velozes.

Somebody to love, Love of my life, Bohemian Rapsody etc etc etc.
E, pairando acima de tudo – (meu pai, afinal, tinha lá sua razão) – uma densa nuvem de fumaça dos milhares de "cigarrinhos" que - (ainda que como fumante passivo) - devem ter contribuído minimamente para fazer desta noite um dos top-hits de minha vida.

Na semana seguinte, no jantar dominical de família, as já famosas pizzas na casa de minha madrinha, quem diria, as tias comentavam empolgadíssimas o show transmitido ao vivo pela Globo.

Uma delas, inclusive, jura que me viu entre os milhares de jovens da platéia.
Pena que não gravou...

Um comentário:

André Diaz disse...

We are the Champions, my friend!
Paulão! Eu tambem tive minha "fase Freddie Mercury"! Com direito a bigodão e tudo!