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Poesia na Faixa Especial Infantil

O Próximo Poesia na Faixa vai ser dia 12 de outubro, dia das crianças, logo depois do Sarau Suburbano Convicto que acontecerá na CDHU do Itaim Paulista, no evento Favela Toma Conta de Alessandro Buzo

Junte-se a nós: Traga doces e poema infantis pra distribuir pra criançada!!!




FOI ASSIM:




Obrigado a Todos Que Participaram!!!


Cacos



Carrego cacos de mim
pelas andanças sem esperança
por dentro do centro do universo sem fim.

Meus olhos cansados de tanto ver
ídolos com pés de barro
e corações de paralelepípedo
descansam na palma de minhas mãos.

Me recusando olhar
fecho os punhos
e o que vejo é escuridão

E na escuridão
moldo formas luminosas,
estrelas no meu céu interior.

E por elas, me guio
em meio ao cataclisma de meu coração,
que inunda com sangue imundo
a imundície toda que o cerca.

Pois pensamos sempre
que nosso sangue é melhor,

E sorrimos, iludidos,
lavando a diarréia derramada
com a mais fétida ainda, mijada atrás do muro.

Por que o peido alheio
é e sempre será mais fedido que o nosso.

O meu, por exemplo,
cheira à buquê de rosas.

E o seu?

Humano



Eu sou dois
Eu sou o musgo
E sou a arvore
Sou o parasita
e o hospedeiro
Eu sou a luz
e a escuridão,
Eu sou deus
e o diabo,
O siga em frente
e a contramão,
Sou a broxada
e a ereção,
Sou a carícia
e a agressão,
Seu inimigo
e seu irmão,
Eu sou dois,
Eu sou humano...
A luz do sol
e a merda do chão.


14 de setembro tem POESIA NA FAIXA!!!


Nos encontraremos às 10:00H da manhã nas escadarias do Teatro Municipal e às 10:30H sairemos para declamar e distribuir poesia nas faixas de pedestre da região.

JUNTE-SE A NÓS
TRAGA SEU POEMA
SOLTE SUA VOZ!!!



CARTAS A VINICIUS

Imagem: Andréia Martins


Na Papoetaria do dia 20/07, os Poetas do Tietê homenagearam Vinicius de Moraes, mestre da música popular brasileira, em comemoração ao seu centenário de nascimento.
Lemos algumas das famosas cartas em forma de canções de Vinícius, como Carta ao Tom e A Carta Que Não Foi Mandada e, em seguida, escrevemos nossas próprias cartas ao Poetinha do Brasil.

Abaixo algumas cartas que os poetas do Tietê escreveram para o poetinha.


   Vinícius de Moraes,

   Sinto falta de suas poesias e músicas. Eu também sou poeta, apesar de não escrever tão bem como você.
   Na poesia, também  gosto de falar sobre amor.
   Meu amigo Vinícius, as coisas aqui na Terra não estão muito boas: muita violência, guerras. O mundo está precisando de sua poesia para se acalmar. Estão faltando suas musiquinhas.
   Tenho certeza que aí no Céu as coisas andam bem, pois deve estar presenteando a todos com sua poesia.
   Espero que na sua reencarnação você volte o mesmo poeta.

   Marcelo Tadeu



   São Paulo, julho de 2013

   Vinícius

   Poeta, desde que você se foi as coisas mudaram muito por aqui. Difícil explicar porque ao mesmo tempo é como se nada tivesse mudado. Tá tudo tão mais simples e tão mais complicado. Política, rapaz, é um troço chato. Deixa pra lá, vamos falar de amor.
   Saudade de você. Um novo samba da benção, de tempos em tempos, nos faria bem...
   Ninguém mais canta o amor como você cantou. O amor eterno e chama, o amor verdadeiro. Logo depois que você se foi, pichei em alguns muros de São Paulo “Tristeza não tem fim, felicidade sim.” Um de seus sambas que mais gosto, um hino. Mas hoje vivemos uma ditadura da felicidade. Letra de samba agora está mais para quadrinha de banheiro — os sambas de hoje são todos alegrinhos, de uma felicidade forçada — banheiro de rodoviária.
   Hoje em dia se usa uma expressão que quando você se foi ainda não era comum: “Vergonha alheia”. Pois é, poeta, tenho sentido vergonha alheia pela música brasileira... As letras perderam a poesia, e nosso país, que já foi tão bem representado por você, por Baden, por Tonzinho, hoje só faz reforçar a imagem de país da bunda e do carnaval...
   É claro que aí está muito melhor que aqui, seja aí onde for, céu ou inferno. Sei que é difícil, ainda mais depois que o Tom chegou pra te acompanhar ao piano. Mas seria bom se vez ou outra desse uma espiadinha por nós.

   Com saudade,

   Paulo D’Auria



   Brasil, século XXI, um dia qualquer, ano de dois mil e treze.

   Caro Vinicius,

    Não volte, não volte Vinicius. Fique aí em cima mesmo, fique aí Vinicius, com seu vicio. Não desça Vinicius, fique aí com seu Bandolim, tire um som com Tom Jobim, mas fique aí. Fique Vinicius, fique, não desça de jeito nenhum, sente-se em uma nuvem confortável e escreva uns versinhos (Já ia esquecendo, abra o portão do céu pra Dominguinhos que ele já subiu). Não volte Vinicius, não volte. Não retorne Vinicius, não desça. Em nenhum santo, não baixe. É só um aviso Vinicius, não volte não. Fará bem para você e para sua inspiração, não retorne, nem se for na contramão, não venha, não caia. Fique Vinicius, fique. É só um aviso.

   Aqui embaixo, querem me matar Vinicius, querem me enterrar, de qualquer jeito, me trucidar. Já saiu a sentença Vinicius, eu estou morrendo, aos poucos, dia após noite, noite após dia. Já era Vinicius, já era. Só estou esperando fechar os olhos para sempre Vinicius e quem sabe subir, ou descer... Na verdade nem sei para onde irei. “Querem acabar comigo, isso eu não sei por que” Não fiz nada de mau pra ninguém Vinicius, sempre fui respeitada. Mas agora não me respeitam mais Vinicius. Perdi a esperança de um dia ser como era antes. Estou cada dia pior Vinicius, fique por aí mesmo mestre, não desça. Aí está bem melhor, com certeza, se um dia eu subir Vinicius (o que não vai demorar). Quero que me recepcionem bem. Quero ver você sorrindo Vinicius, junto com Tom, Dominguinhos, Tim Maia, Gonzagão, Cazuza, Jackson do Pandeiro, Mestre Salú, Chico Science, Elis, Mussum, Renato Russo, Raul Seixas, Nelson Gonçalves, Dorival Caymmi, Cartola, Adoniran, Bezerra da Silva, Capiba, e todos os mestres que fizeram-me feliz e fizeram-me grande. Sim fui feliz Vinicius, mas hoje não sou. Estou cada dia mais triste, mas sem graça Vinicius. Estou definhando, estou apodrecendo, morrendo um pouco a cada dia.

   Vou terminar esta carta Vinicius, te pedindo, por favor, para que você não retorne. Não volte para cá, aí é sua morada e em breve será a minha Vinicius. Um dia iremos nos encontrar todos aí. Um dia voltarei a ser feliz com vocês, como era antes.

Com amor,
Música Brasileira.

(Caranguejúnior)

9 de Julho - Poesia na Faixa


Tá chegando a hora... 9 de Julho tem mais um Poesia na Faixa!!!
Junte-se a nós
Traga seu poema
Solte sua voz!


1º de Maio - Poesia Na Faixa


Dia 1º de Maio os Poetas do Tietê foram às ruas de Sampa aprontar mais um Poesia na Faixa!
E contamos com as presenças especias de Daniel Minchoni, Elide Nascimento, Érica Kamura, Cissa Lourenço e Bispoeta reforçando o time.
O resultado você confere aqui: 

Maria Antonia

Sábado, 09/02/13, nossa Papoetaria aconteceu no histórico edifício da USP da Rua Maria Antonia. Lá visitamos as exposições "Ensaio sobre o liso e o estriado" de Hector Zamora, "Primeiras estórias" de Gilvan Samico, "Coisa superfície" de Paulo Monteiro, e "Zona detenção" de Eduardo Verderame.

Zona Detenção

Coisa Superfície

Primeiras Estórias


Ensaio Sobre o Liso e o Estriado

Ensaio Sobre o Liso e o Estriado


Balança, Mamãe
Carolina Hermanas

Balança mamãe,
Balança,
Henrique diz numa voz enjoada
De gente rica.
Balançar o quê?
A sua mamadeira
Ou o dinheiro guardado
Na sua poupança?
Vida balançada,
Trapaceada por nojentos
Carnívoros degustadores de grama verde,
Cheio de valores reais ou seriam Carnavais?
Então, não seria um valor real. Talvez desleal.
No meio do fogo,
As crianças ressurgem
Como cinzas
E balançam seus sonhos, ou seriam esperanças?
"Balança mamãe"
Um deles fala e a voz some no fogo,
Da mesma forma que aparece.
Acidente.
Sonhos são trombadas contra o concreto.
Balança estreita entre razão e coração.
Às vezes, a grama verde é mais bonita,
Mas o que mesmo é um coração partido?


Ex-Posição
Caranguejúnior

O desenho talhado
Na madeira, renasce
Na gravura, a face
De um povo marcado
Do sertão esquecido
O sofrimento estampado
Uma mistura de liso
Ondulado, crespo, estriado
Uma zona dentenção
Um olhar, uma vitória
Ideias em exposição
Pedaços, primeiras estórias

Paulo D'Auria
I
Já se viu isto?
O povo liso
dorme no estrado estriado!
Dorme no estrado estriado
e vai pelo vão...
O povo tá tão liso
que não tem dinheiro
nem pro colchão!

II
nos fios
dos varais vazio
ais
secando ao vento

III
Meu apartamento tem
área de serviço,
desço o varal de teto,
penduro minhas roupas,
fecho os olhos
e finjo
que lá em cima
é o sol.

IV
VaralViral


V
As gravuras de Xilo expostas no cordel:
"quadrinhos da infância do menino".
As gravuras de Xilo
expostas no cordão
do céu.


CARDÍACOTIDIANO (DIAGNÓSTICO PAULISTANO)

 
 
São Paulo é o corAção do Brasil
É o trabaLho,
O oficio dos ossos
Sem parar
Bilhete único
É coletivo
SinGular
São PaUlo é de pirar
O caos ótico de seus vergalhões
Caótico de suas direções ->
Metros e metros de metrô
Pneus, pinel, arranha céus
ColunA - bate estaca
Coluna - bate estaca
Vidas sobre vigas
Idas e vindas
Só se ver COrreria
Veja a cor, e rIa!
É plural
É de pular
São Paulo é o coração do Brasil
RuAs e viadutos
Adultos e velhos
Madalenas, Marianas, Augustas ao gosto
Cardápios, larápios
TrOmbadinhas, tromba d’águas
Vielas, vias e veias
Assaltos, asfaltos, coNcretos
É surreal, é marginal
Da periferia periferida
Aos edifícios da Paulista
São Paulo é pizza
A massa passa e vem e vai e ferve...
São Paulo é o coração do Brasil
ATEmporal garôa, é de boa!
É nóis! é voz... são eles
É rifle, é grife, é grave
É tarja preta, é trêta!
Perfeita, Com vários defeitos
Prefeitos, verEadores e dores
São Paulo é cinza, em cores
Tudo é caro, tudo é barato
Prato feito, prato farto
São Paulo meu coração
São Paulo meu infarto!
 
 
 
Caranguejunior

Seu Raimundo



Na Papoetaria deste sábado, André Dia(s/z)? nos apresentou a história de "Seu Raimundo" ou Raimundo Arruda Sobrinho, ou simplesmente "Condicionado", um poeta que viveu por 20 anos nas ruas de São Paulo, mais especificamente no canteiro central da Av. Pedroso de Morais, no bairro de Pinheiros. Mas que graças ao esforço da publicitária Shalla Monteiro foi encaminhado para tratamento médico e psicológico e hoje vive com sua família em Goiás.
Para ler a história completa de Raimundo, clique "aqui"
Para visitar a página de Seu Raimundo no FaceBook, clique "aqui"

CURA
André Dia(s/z)?

O poeta está condicionado
a se sentir um eterno deslocado,
Sua alma é uma ave selvagem
agitando-se na gaiola
que é seu corpo, sua vida,
o mundo que o cerca.
Então voa nos versos,
Cada letra de poema
é uma pena na plumagem colorida
de sua fuga de um mundo cinza,
E o que este mundo vê como loucura
o poeta vê como antídoto:
Para esta doença que é o mundo,
A poesia nada mais é que a cura.


SEM LIMITES
Marcelo Tadeu

Por trás de tudo
Da minha loucura
Do meu estado mental
Quem dera
Existe um poeta
E transforma em versos
No momento
Todo meu sofrimento
E as palavras não têm limite
A poesia não tem limite
Minha loucura não tem limite
Mesmo após a morte
Tudo estará no papel





Caranguejúnior

O nome dele é Raimundo
Morador das ruas do mundo
Vive sob um teto de estrelas
Dorme num colchão de papelão
Onde se mantém atualizado
Lendo as notícias de seu cobertor
Dor...
É invisível aos olhos
Da humana humanidade
Dizem que é louco
Um perdido na vida,
Na verdade é apenas
Mais um Filho da Pátria
Um poeta
Ou um ser
De outro poema.



RAIMUNDO
Paulo D'Auria

No CAPS cabe um apê pra ele?
- no CAPS você vai saber dele,
  mas ele vai saber de você?
  Vai saber dele mesmo?

Raimundo a esmo no mundo
na brasa da praça
na rua do centro
da lua
é louco da silva
mas é artista
e voa

Raimundo não tem casa
mas eu lhe pergunto:
No CAPS tem asa?

Ele se chama Raimundo
procura, procura cura
procura rimas
e não encontra
solução