em branco

Primavera em São Paulo é a Parada Gay!

Imagem: raphaelcarnavalesco.wordpress.com


Outro dia na Papoetaria (sábados, 11:00, Tendal da Lapa), os Poetas do Tietê faziam um brainstorm sobre agri-cultura, meio-ambiente, primavera, enfim, as infinitas possibilidades de nosso tema do mês de outubro, quando Marcelo Ferrari bem observou que a primavera é uma explosão de cores e alegria.
Na hora pensei: "Gentem, a primavera de São Paulo é a Parada Gay!"

Embora São Paulo conte com algumas espécies de árvores que nos presenteiam com suas fantásticas floradas agora no comecinho da primavera, - destaque para a Tipuana, o Ipê-Rosa, o Jacarandá Mimoso e a Sibipiruna, - a verdade é que ainda não temos jardins suficientemente bem cuidados ou um projeto paisagístico que faça da primavera um acontecimento em nossa cidade.

Muito ao contrário da Parada Gay, que de parada não tem nada. Na última edição movimentou quase 200 milhões de reais, atraiu 400 mil turistas e levou um total de 3 milhões de pessoas à Avenida Paulista.

Isso sem falar na explosão de cores e alegria!

Então está combinado, em São Paulo a primavera acontece em um fim-de-semana de junho, bem no meio do inverno!

Flores




A beleza das flores
me entristece.
Sinto-me vazio,
numa sala cheia de flores
Sou cadáver sem cor,
diante da mais colorida flor
A beleza da flor fura-me
os olhos,
Como os espinhos que se enterram
em minha pele.
Leio um epitáfio, em cada
pétala de flor.

mágica mais simples


poesia não é
alegrar o triste
colorir o cinza
germinar asfalto
demolir concreto

poesia não é
palhaçada
suvinil
britadeira
marreta

poesia é tudo também mais e além

poesia é
alegrar o triste
colorir o cinza
germinar asfalto
demolir concreto

poesia é
palhaçada
grafite
semente que passarinho caga
e tempo tempo tempo e tempo

contradição
reinvenção
mágica mais simples
agricultura

VERDEMAISVEZES


Verde
que te quero
verde

verdeperto
verdelonge
verdelá
verdecá
verdemaisvezes
verdemaisverde

verde não se vá
o cinza já está aqui
no ar
nas paredes
nos pensamentos
dos que só querem te VERDESTRUÍDO!!!




Caranguejúnior

MEIO AMBIENTE

debaixo daquela árvore
penso em você
debaixo daquela árvore
penso em te ver
talvez um dia te reencontrar
talvez não chorar
e sim se deslumbrar
e felicidade sentir
sorrir e sorrir...
de tudo
contudo
do absurdo
penso em viver
e não padecer
debaixo daquela árvore
penso em você
penso em te ter




Caranguejúnior 16/05/2007

AGRI-cultura

Imagem: trabalhadores da prefeitura "capinam" calçada
na capital, in sertaopaulistano.blogspot.com


Ao contrário do que se possa imaginar, o paulistano pratica a arte da AGRI-cultura diariamente.
Não somos agricultures no sentido estrito da palavra, porém somos exímios AGRI-cultivadores.
Agri que vem do latim, acre, amargo, azedo... Ah, meu caro leitor, você já está começando a entender onde quero chegar!

Responda rápido, o que é mais difícil:

Pescar um robalo no Tietê ou fugir dos trombadinhas a roubar-nos no Viaduto do Chá?

Colher alface no asfalto ou fé na Praça da Sé?

Esperar banana amadurecer no pé ou esperar o trânsito desembananar?

Cavar covas para o plantar batata, mandioca, milho, feijão ou cavar um espaço no Metrô pra Itaquera às seis da tarde?

É por essas e outras que eu digo e repito, AGRI-cultura como a paulistana, não há!
Ah, agri-doces paulistanos!

prima vera

grafite nas ruas de são paulo

O mundo anda tão maluco que nem a prima-vera prima mais pela verdade Vocês verão São Paulo quinta-feira 8 de outubro onze e trinta de uma noite fria Desafiando o frio fora de hora caminhando pela cidade fora de forma atravessando a degradada rua guaicurús o poeta prosseguia sussurrando poesia No mundo da lua não havia garoa fina 10 graus meia-noite ônibus errado No mundo onde ia a cabeça do poeta só havia poesia Foi quando percebeu o mendigo debaixo da marquise O papelão ajeitado à moda de cama o cobertor sujo a garrafa de coca-cola já quase sem cachaça alguma O homem só queria se ir desse mundo para qualquer lugar mais quente nem ligava se fosse pro inferno Mas a realidade insistia em rodeá-lo Calçada asfalto garoa poças meia-noite São Paulo E toda a poesia na cabeça do poeta se foi deixando sua cabeça mais vazia que a garrafa de cachaça Balão que o guiava no mundo das nuvens despencou Calçada asfalto garoa poças meia-noite São Paulo O mundo anda tão maluco que nem a prima-vera prima mais pela verdade Vocês verão Muitas vezes esses tombos do mundo da lua são os que mais machucam

amo-ti, E.T.


você que jaz - não em paz,
resurgindo das cinzas-cidade que o matou.
você espelho que ela evita e quebra
atraindo 7-centos anos de azar e ingnorância.

você onde a cidade cospe e faz pior,
você seus intestinos,
você seu coração,
você suas próprias veias que a cidade auto-injeta e envenena.

amo-ti você,
amo-ti, E.T. pousado nas entranhas da cidade.

amo-ti, E.T.,
porque você é verdadeiro,
ela é de fumaça;
você, elementar,
ela é de borracha.

amo a ti, E.T.,
porque o verdadeiro E.T. é ela,
cidade que, quando nasceu,
se batizou em tuas águas.
e quando ela se for
e quando dela nada restar,
ti, E.T.
renascerá.

outubro: AGRI-cultura


Em outubro os Poetas do Tietê poetarão sobre o tema AGRI-cultura.

Nosso sarau será realizado dentro do evento "Café Orgânico" que acontecerá no Tendal da Lapa no dia 24/10 pela manhã.
AGRI-cultura foi a maneira que nós, paulistanos de coração, por opção ou adoção, encontramos de falar de meio-ambiente nesta metrópole do caos!

Cartinha para Papai Noel


Querido Papai Noel,


Gostaria de

ganhar um carrinho

bomba

Para enfiá-lo

dentro

e ver suas

tripas pintarem

um quadro

menos mentiroso

do que estou

acostumado a ver

desde pequenininho,

um quadrinho todo

vermelho como o

rótulo da Coca-Cola,

que desentope pias

e corrói cérebros,

que não avisam

os olhos dessa gente,

que Natal não é peru

nem abraço falso.



Beijos e navalhadas

no seu saco.



Andrézinho.