em branco

Cacos



Carrego cacos de mim
pelas andanças sem esperança
por dentro do centro do universo sem fim.

Meus olhos cansados de tanto ver
ídolos com pés de barro
e corações de paralelepípedo
descansam na palma de minhas mãos.

Me recusando olhar
fecho os punhos
e o que vejo é escuridão

E na escuridão
moldo formas luminosas,
estrelas no meu céu interior.

E por elas, me guio
em meio ao cataclisma de meu coração,
que inunda com sangue imundo
a imundície toda que o cerca.

Pois pensamos sempre
que nosso sangue é melhor,

E sorrimos, iludidos,
lavando a diarréia derramada
com a mais fétida ainda, mijada atrás do muro.

Por que o peido alheio
é e sempre será mais fedido que o nosso.

O meu, por exemplo,
cheira à buquê de rosas.

E o seu?

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