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Claro e Escuro: As Duas Faces Do Poeta


Estes poemas são o resultado de nossa ultima oficina de poesia, idealizada a partir de uma entrevista com o poeta Glauco Mattoso, em que ele diz: "Sou fascinado pelo paradoxo, pelo oxímoro, pela antítese, pois acho que todos somos contraditórios o tempo todo ... Em nós convive o claro e o escuro, o certo e o errado, o prazer e a dor, o belo e o feio, entre outras dualidades. Mocinho e bandido, bonzinho e maldito, o poeta tem um pouco dos dois."
O exercício proposto na oficina era que cada poeta saisse de seu lugar comum, e mostrasse sua outra face. Como por exemplo, o poeta sergipano Araripe Coutinho conseguiu com essa simples foto, tirada no Palácio Museu Olímpio Campos, em Aracaju.

Paulo Dauria deveria escrever um poema fofo:

A Flor Na Qual Estou
A flor que eu lhe dei
não comprei em floricultura
no sinal fechado
não roubei de jardim sem dono
A flor que eu lhe dei, eu cultivei
o seu vento trouxe a semente
o seu olhar, a luz
o seu amor, o calor que a fez germinar

E cuidei para que não despertasse nas tempestades de verão
Para que não morresse no frio do inverno
Para que desse frutos no outono
E abrisse na primavera

A flor que eu lhe dei
A flor que eu lhe dei entreguei a cada dia
Dia após dia,
A flor que morre no vaso
sem àgua de sua sala
É essa flor

A flor na quaL ESTOU
Iteiro, nu

Uma flor apenas
Apenas uma
flor

Caranguejunior deveria escrever um poema formal, com rima:

Sem Pré-Conceito
Abaixo o preconceito
em geral
Todos tem o direito
à liberdade real
Abaixo a homofobia
Preconceito racial
Que hoje em dia
Não pode ser normal
Abaixo a intolerância
Acima a humildade
Abaixo a ignorância
Tenhamos mais humanidade
Ser "o mano"
Ser humano
Preconceito
é desumano
A cor da pele
A forma de amar
Todos nós temos que estar
No mesmo patamar

Marcelo Tadeu deveria escrever um poema social:

Protesto

Ele chegou
Sem pudor
Tirou as roupas
No meio de todos
Ficou exposto
Criou espanto
Ninguem imaginava
Tanta coragem
Nenhum outro
Teve a audácia
E gritou
No meio do salão
Cada membro
Cada parte do meu corpo
Representa minha indignação

André Dia(s,z)? deveria escrever um poema de amor tradicional:

Quarto Escuro

Ela me apareceu
Como lindo desabroxar,
De repente, desapareceu
Onde a encontrar?
Ela, que me fez compreender
O significado da palavra amor,
Me fez então, me perder
Num jardim, sem nenhuma flor
Onde estará a beleza?
Onde estará a felicidade?
Não estará aqui, com certeza
Longe de minha beldade
Deixo cair uma lágrima
Ao lembrar de sua mãozinha
A procuro, de maneira àvida
Ai! Onde estará minha florzinha?
Andávamos de mãos dadas,
Fazendo planos para o futuro
Doces tardes, agora negadas
a este poeta, triste em seu quarto escuro.

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