em branco

o poeta e o mundo

"O mar batia em meu peito / já não batia no cais. / A rua acabou, quede as árvores? a cidade sou eu / a cidade sou eu" Trecho de "Coração numeroso" de C. D. de Andrade.


Imagem: o mundo nos óculos de Drummond,
fotomontagem de Paulo D'Auria

Poetas nem sempre se relacionam bem com a realidade concreta. Abaixo, dois Poetas do Tietê falam de sua relação com o mundo.

Dias de argila
André Dia(s/z)?

Ando
a esmo,
esperando
minha
hora,
poetando
inconsistência
de viver
dias feitos
de argila,
que quando
tijolos
caem sobre
os sonhos
que não
cessam de
existir,
pois não são
materiais.
É isso,
felicidade
não existe,
não pode ser
tocada,
medida,
catalogada,
só sonhada
eternamente,
então,
o poeta é feliz,
só que chora
por viver
num mundo
que não é seu.



Cerejas fora de época
Paulo D'Auria

o mundo é apenas um lugar
onde erro meus passos
de pé de chinelo qualquer
em quem o tempo testa seus dissabores

as certezas são cerejas fora de época
as verdades são vaidades amadurecidas demais
sinto o vento da primavera mesmo no auge
do inverno
a neve é um cobertor
que derrete

se faço versos
estou do avesso
quando me fecho
fico prosa

não olhe agora
estou nu
não acho a rima certa
para vida

2 comentários:

Caranguejunior disse...

(Sr.s peço-lhes desculpa)
mais puta que pariu! do caralho! muito foda!

'' o poeta chora por viver no mundo que não é seu''

'' não acho a rima certa para vida''

fechou!

Fernanda Rodrigues disse...

idem