em branco

CARDÍACOTIDIANO









Marcapasso

Meus cambaleantes passos

Sobre esse chão

Sujo e àspero





Marca meus passos

Sobre essa ponte
De safena, de Helena
De Maria e José



Marca
Cada pisada do meu pé


Marcapasso
Cada Suspiro meu
Nesse quase puro Ar
Marca até quando eu espirrar


Marca meu caminho
Sobre essa
Avenida ferida
Perdida


Marcapasso
Quantos carros
Quantas motos
Quantas mortes...

Marcapasso
Quanto tempo
Quantas horas
Para o busão passar

Marcapasso
Quantos moleques
Engolem fogo no semáforo
E quantos engolem mágoas

Marca
Quantos limpam parábrisas
Quantos enxugam lágrimas

Marcapasso
A placa daquele carro
Que jogou água em mim
No dia da enchente




Oxente, Enchente?


Marcapasso
O sorriso dessa gente
O choro dos Indigentes

Marcapasso
A minha tensão
A minha hipertensão

Marca uma solução
Para este cardíacotidiano

Marcapasso
Minhas idas
Minhas vindas


Minha vida...







Caranguejúnior

2 comentários:

Fernanda Rodrigues disse...

Orra, meu... que poema "arretado de lindo". Saudade docê. bjs!

Paulo D'Auria disse...

"Quantos moleques / Engolem fogo no semáforo / E quantos engolem mágoas // Marca / Quantos limpam parábrisas / Quantos enxugam lágrimas"

Bom demais, rapaz!
Mandou esse pra K botar na coletânea? Tem que mandar!

Abração!