em branco

a história das flores

para um poeta do tietê

Sim, eu vou à zona de fraque
levo flores à puta
e isso é da minha conta

Sim, eu vou à Roma de boca
roubo frutas no parque
e engulo a vida a goles de vinho

Sim, eu caio de boca na vida
apalpo frutas na feira
e, estando em Roma,
quero que o Papa se dane,
eu vou à zona

Sim, sim, sim
devoro a puta a talagadas soltas
e me embriago nos domingos no parque
apalpo a polpa da freira
e aplaudo o apupo,
eu roubo a vida no tapa
se for preciso

Mas viver não é preciso
é falta
de juízo
e fim.

O Jogo


Três Poetas do Tietê falam sobre a eliminação do Brasil na África do Sul:

O Jogo
por Marcelo Tadeu :

A raiva, o grito, o revide, a violência
Sentimentos de quem já imagina
Que vai perder.
A calma, a paciência, o deboche
Sentimentos de quem já imagina
Que vai vencer

Acabou...

O Jogo
Por André Dia(s/z)?:

Me segurei... Tive vontade de chorar, mas estava cercado de pessoas... Essas pessoas que gritaram, que vibraram enquanto me mantive em silêncio durante os 90 minutos de jogo... E que depois, após a seleção ser desclassificada, só disseram palavrões. Mas eu não disse nada, só segurei a emoção.
Eu... Que não sou nenhum grande fã de futebol... Que realmente não entendo porra nenhuma! Tá certo, eu entendo quando é falta... Quando é gol, só isso.
E também entendo de segurar uma chance de ser feliz, mesmo que por poucos instantes, todo mundo torcendo pro mesmo time, sem rivalidades, todos irmãos vestidos de verde e amarelo... Até o dia seguinte e o sonho acabar...

O Jogo
Por Paulo D’Auria:

Não gosto de botar a culpa pelas derrotas em uma pessoa só. Sei que muita gente vai crucificar o Felipe Melo, muita gente vai meter a boca no Dunga, mas prefiro acreditar que quando um time com 11 jogadores perde, a culpa deve ser dividida por 11.
Aliás, antes de tudo, a culpa é de quem ganhou: a culpa do Brasil perder é da Holanda que ganhou!
Quando botamos a culpa neste ou naquele jogador, estamos egoisticamente desclassificando uma vitória merecida e suada do outro time, como se o nosso time merecesse a vitória de antemão e os outros fizessem apenas figuração.
Mas que o Brasil fez um primeiro tempo arrasador, que parecia que ia ganhar de 3, 4, 5, isso parecia. Mas depois, bastou um golzinho contra, uma jogada de escanteio magnificamente bem ensaiada pela Holanda, e pronto: o Brasil desmoronou.
O país do futebol alegre começou a apelar para a violência, esqueceram que futebol se joga com a bola e queriam jogar só com a chuteira...
Bom, nos vemos em 2014, quando o menininho que chorou no Vale do Anhangabaú, o menininho que chorou na praia de Copacabana, em Salvador, em Campo Grande, em Rio Branco, quando os 200 milhões de brasileiros menininhos terão a oportunidade de sorrir novamente.
Ou chorar, resgatando a sina de povo fadado à tristeza, quem não se lembra de 1950?... E que não venha o Uruguai!