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Vanzoliniando Parte 2

Ainda homenageando o mestre Paulo Vanzolini, inspirados por sua canção "Longe de Casa Eu Choro", os Poetas do Tietê declaram seu amor pela cidade:


Longe de Casa eu Choro
letra de Paulo Vanzolini

Longe de casa eu choro e não quero nada
Pois fora do chão ninguém quer e não pode nada
Sinto falta de São Paulo
De escutar na madrugada
Uns bordões de violões
E uma flauta a chorar prata

Dor de amor não me magoa
A saudade da garoa é que me mata
E eu saio pra rua
Assobiando comprido
Um samba comovido
Que Sivio Caldas cantasse
E me iludo que a garoa
Vem molhar a minha face

Mas é pranto e choro tanto
Quem me dera que hoje mesmo
Eu voltasse pro chão que eu adoro
Pois longe de casa
Eu choro e não quero nada.

Morro do Jaraguá
Paulo D'Auria

O avião vem chegando
E eu procuro de longe
O Morro do Jaraguá,
Não me interessam os edifícios
Não me interessam as avenidas
Não me interessa a mancha cinza
No horizonte.

Meu coração só se acalma
Quando os olhos alcançam
O Morro do Jaraguá,
Minha rosa-dos-ventos
Na tempestade
Ou na escuridão
Da cidade.

O Morro do Jaraguá tem sabiás
Que choram suas flautas
No compasso do samba
Do tempo e do espaço.

O avião parte outra vez,
Não olho para trás,
Procuro a paz
Na última gota de garoa
Em minha face.

Saudades da terra da garoa
Marcelo Tadeu

Quanto mais eu choro
Mais eu lembro de São Paulo
Pois são dos meus olhos
Que cai a garoa

Assim como em São Paulo
Sinto no meu no rosto
Os pingos da chuva
Vindos do meu próprio
Choro

Então para não sentir saudades
Choro, choro muito

E assim
Ao olhar pela Janela
Dá a impressão para mim
Que nunca saí desta terra

 Selo "Sesc Pompeia", obra de Fernanda Migliore


Vídeo de "Ronda", com Ana Bernardo e Italo Peron, gravado no Conversa Com Verso de 24/03/12

Vanzoliniando Parte 1

Nos preparando para o bate-papo do dia 24 (Projeto Conversa com Verso) com o mestre Paulo Vanzolini, na Papoetaria de 10/03 ouvimos algumas de suas canções e criamos a partir desta inspiração.

Fotomontagem: a simpática Ranitomeia Vanzolinii sobre foto de Alex Ribeiro
Da São João à Praça Clóvis
Paulo D'Auria

Da são João à Praça Clóvis
um samba de amor na cabeça
e teu retrato na carteira

Da São João à Praça Clóvis
o samba na ponta dos cascos
agora eu choro em paz

Da São João à Praça Clóvis
São Paulo na palma da mão
teu retrato na cabeça
nenhum tostão na carteira
e um samba de amor
pra sacodir a poeira

Sambinha Sem Nenhuma Erudição
Paulo D'Auria

Andei sobre as águas
como qualquer paulistano
maldizento São Pedro
e Santa Clara no bolso.

Andei sobre as águas
na noite em meu barraco foi pelos mares,
pelo Tietê dos Sete Mares,
noite em que SerTão Paulo virou mar
como qualquer janeiro.

E num papelzinho molhado
a esperança de um samba
umas poucas linhas rabiscadas
de poesia.

São Paulo, que preço tão alto
no sonho simples e qualquer
que todo paulistano pensa
ter o direito de sonhar.

Sambei sobre as águas e depois
que a tempestade passou
como qualquer paulistano
lavei as mãos
na poça que restou.

A Minha Cura
Marcelo Tadeu

Não aguentei
Não resisti
Enlouqueci
Foi muita dor
Na minha mente
O nosso amor era pra sempre
Quando acordei
E percebi
Que era o fim
Foi que entendi
O que você
Queria tanto me dizer
Os teus abraços - não terei mais
Os teus beijos - não terei mais
Naquela porta tu não entras nunca mais
E a mulher que eu gosto tanto
E a mulher que eu amo tanto
Não a verei
Não a terei
Nunca mais

Arte cultural X Arte comercial

Na Papoetaria de 03/03, a partir do artigo "Você faz arte cultural ou arte comercial??" de Waldo Bravo, publicado no Portal das Arte (portalartes.com.br), discutimos o eterno embate entre arte verdadeira e simples entretenimento.

 

Você faz arte cultural ou arte comercial??

Waldo Bravo

 

Existem no universo das artes dois territórios marcados por profundas diferenças; o cultural e o comercial, e entre eles, um abismo gigantesco.
Aproximadamente 90% da arte que se produz hoje é arte comercial, meramente decorativa - arte menor - sem importância cultural. Sem importância para a história da arte, importante apenas para decoradores que de modo geral não entendem nada de arte, a não ser do quadrinho que combina com o sofá ou a cortina do cliente.
O volume é tamanho, que o público de modo geral quase não percebe a existência da arte cultural (10%), a arte importante, aquela que faz história, aquela que fica na história, aquela feita por artistas com verdadeira vocação. (para ler o artigo completo, acesse: http://www.portalartes.com.br/colunistas/4-waldo-bravo/46-voce-faz-arte-cultural-ou-arte-comercial.html)


Arte Cultural
Marcelo Tadeu

Minhas palavras não valem de nada
Minhas palavras não valem um tostão
São palavras de um poeta
Ninguém daria uma moeda
Mas é na sua pobreza
Que tudo se revela

 


pop-up
Paulo D’Auria

pop pop pop
pop up
eu quero ser
um artista popular
para entrar no seu lar
sem pedir licença
pra você aumentar o volume
sem fazer diferença
sem abalar suas crenças

pop pop pop
pipoca pululante
eu quero ser
um artista popular
este vai ser o refrão
de minha doce
alegre e dançante canção
pra te dar um tezão leve
te causar uma indignação controlada
pra você arrasar no salão e voltar
feliz feliz feliz
feliz como sempre quis

pop pop pop
o óbvio ululante
eu quero ser um artista popular
pra me aposentar com um único hit
ir morar em miami beach
e você me descartar
me deixar de lado
me esquecer tão rápido quanto
o seu voto para deputado



Arte?
André Dia(s/z)?

A arte de verdade,
Esta arte não se reparte,
Ela se esconde
Como covarde
Mesmo voando por toda parte,
É um urubu
Que não ganha afeição,
Como o buraco do cu
Que tem sua razão
Para não soar agradável.
O buraco do cu,
Ser amado é improvável,
Só quando leva trolha
Sua feiura é suportável,
Mesmo assim é como rolha
Para calá-lo definitivamente.
É assim a arte de verdade
Que não é vendável,
Talvez por ser inteligente,
Seu pecado mais provável.

Fotomontagem da nebulosa Helix (olho de Deus) sobre a histórica capa de Todos os Olhos (1973) de Tom Zé