em branco

fogos & artificios


O ar coalhado de fogos de artifício. Parece que foi ontem. Melhor ainda, era pra ter sido hoje. Um novo amanhã. Sim, eu me lembro do ano novo.

Prometemos um mundo tão melhor, desde parar de fumar até salvar os peixes-boi; de praticar a não-violência a não jogar lixo pela janela do carro. Desde reciclar o lixo até ajudar o próximo; de doar agasalhos a votar consciente.

O ar coalhado de fogos de artifício. Parece que foi ontem. Melhor ainda, era pra ter sido hoje. Um novo amanhã. Sim, eu me lembro do ano novo.

Desta vez, melhor esquecer, ou agora é pra valer?

felizANONOVO
felizANO OVO

papai-noel de loja


O emprego de Papai-Noel de loja era uma satisfação. Divertia-se com os pedidos das crianças, "Papai-Noel, eu quero a paz no mundo.", "Papai-Noel, eu queria que o meu papai parasse de bater na minha mamãe...", "Papai-noel, eu quero um vídeo-game!"
Aos setenta e tantos, divertia-se e renovava-se com essa alegria de encarar o dia-a-dia que as crianças tinham.
É, o emprego de Papai-Noel de loja era uma satisfação, mas com os caraminguás minguados do INSS era também uma necessidade. Por isso, naquele triste mês de dezembro em que a loja decidiu trocá-lo por um Papai-Noel mais novo e, segundo as palavras do gerente, "mais preparado, mais capaz de lidar com as crianças de hoje em dia", chorou no caminho de volta pra casa.

Uma semana depois foi até a loja conferir o tal novo e maravilhoso Papai-Noel. Tudo ia bem, até que o Marquinhos, o peste do Marquinhos, que todo ano testava a sua barba verdadeira de Papai-Noel profissional, resolveu testar a barba postiça do novo Papai-Noel...
Barba devidamente arrancada, Marquinhos, exibindo seu troféu, alardeava pela loja, "O Papai-Noel é de mentira! O Papai-Noel é de mentira!"

O novo Papai-Noel, coitado, não sabia onde esconder a cara barbeada. E o velho, ah, o velho foi-se embora pra casa rindo de satisfação, "Hô-hô-hô! Hô-hô-hô!"

DELÍRIO POÉTICO



A letra sonha em ser palavra
O algarismo com as quatro operações
O rabisco sonha em ser linha reta
As notas em ser canções
O depois sonha em ser agora
O rascunho sonha em ser escrito
A música em trilha sonora
O maldito com o bendito
O asfalto sonha em ser calçada
O pobre em ser rico
O deixa disso sonha em ser problema
O poeta é o sonho de todo poema...





Caranguejúnior 03/10/2008