Cidadão das nuvens
O ditador imita Hitler
pelo tempo de um apito -
inicia-se a partida.
No tabuleiro de xadrez esmeralda
brotam as primeiras jogadas.
Uns vão de unha;
outros palavrões, amendoins –
a multidão mastiga.
Esfera pergunta: és fera? -
de pé em pé, de ouvido a ouvido.
Um torcedor cala o rádio,
para cantar o galo
do treinador careca.
Apenas a tiete despreza
o bem-me-quer da bola.
Agasalhado e de luvas,
o arqueiro destoa
do resto do estádio.
O auxiliar é o único sério
a tremular bandeira.
Na barriga da mulata grávida
o recém-nascido brasileiro
chuta com estilo.
A rede é o véu da noiva trave
a esperar o gol de letra.
Aonde a coruja dorme:
Pesadelo de goleiros,
sonho de artilheiros.
Gol: metade do estádio tira
palavras da boca da outra metade.
Cidadão das nuvens
Renato Silva
em branco
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Um comentário:
Fala, Renatão
Felicitações pelo título brasileiro!
Vou mandar agora pela lista uma foto com a qual talvez vc queira
ilustras este post!
Grande abraço,
do corinthiano
Paulo
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