(por Ferrari)
Amalgamado pelo calor humano dentro do veículo, viajo na idéia de que a vida é um ônibus. Uns sobem, outros descem. Fica cheio, vazio, meio-vazio, meio-cheio. Tem japonês, loiro, negro. E cada ponto é, ao mesmo tempo, final e partida. Na minha frente tem uma dona gorda. Atrás dela, uma criança de colo. Um rapaz todo sujo de barro está de pé, ao lado de um senhor de terno. Uma estudante, sentada, segura uma pilha de mochilas pros amigos. Os rostos formam um mosaico de almas. Raimundos e fundos, Veras e esperas, Ritas e ritos, Dolores e dores, Celestes e Socorros. Marias, Aparecidas e Sumidas. De repente, um calor clandestino, misto de cumplicidade e ternura, me incendeia o peito. Sinto que cada pessoa, em seu pulmão único, costura o alento com o bafo quente que sai da boca alheia. Sinto que a diversidade de caras e bocas, não pertencem ao seus donos, mas I dont know. Sinto que cada angústia, debruçada sobre seu próprio umbigo, remoendo sua própria entranha, faz a mesma pergunta. Sentados ou em pé, estamos todos de joelho, rezando. Cristo é coletivo da gente.
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Um comentário:
"cada pessoa, em seu pulmão único, costura o alento com o bafo quente que sai da boca alheia"
PQP Marcelo! PQP!!!!
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