em branco

A Descoberta do Sexo

Na Papoetaria deste sábado, 25/02, André Dia(s/z)? nos apresentou Trechos de “A Brincadeira Favorita”, de Leonard Cohen, tradução de Alexandre Barbosa de Souza, publicados no caderno Ilustríssima da Folha de São Paulo de 29/01/2012.
A partir desta leitura, trabalhamos o tema “a descoberta do sexo”.



A Brincadeira Favorita
Leonard Cohen

Dos sete aos onze anos é um grande pedaço da vida. Cheio de tédio e esquecimento (...). Conforme os olhos vão se acostumando a ver, blindam-se contra a fantasia (...). Breavman havia esquecido tudo o que aprendera com o pequeno corpo de Lisa (...).
Agora ansiavam por conhecimento, mas se despir era um pecado. Tornaram-se assim presa fácil de postais, revistas pornográficas, artigos eróticos caseiros trocados no vestiário da escola (...).
Como seria a aparência dos corpos?
A mãe de Lisa dera de presente à filha um livro a respeito, onde procuravam em vão informações mais diretas (...).
A privação é a mãe da poesia.
Ele estava prestes a encomendar pelo correio uma publicação anunciada numa revista de cartas eróticas que prometia a entrega em papel pardo, discreto, quando, durante uma das buscas periódicas nas gavetas da empregada, encontrou o minicine de cartucho.
Era feito na França e continha pouco mais de metro e meio de filme. Você segurava contra a luz, girava um botão e via tudo.
(...) O título estava em inglês, com cativante simplicidade, “ Trinta Maneiras de Foder”. As cenas não se pareciam nada com os filmes pornográficos que Breavman mais tarde teria conhecimento(...).
Cada quadro reluzia de ternura e deleite apaixonado (...).
Apontavam o minicine para a janela e solenemente o passavam para trás e para frente.
Sabiam que seria daquele jeito.

Flor Vermelha
André Dia(s/z)?

Estávamos presos naquele desejo,
Uma cela quente e abafada
Com paredes decoradas
Com fotografias pornográficas.
Éramos papai e mamãe,
Médico e paciente,
Estávamos presos,
Sonhando com a liberdade.
Meu sexo despontava
Como uma flor vermelha,
Mas os espinhos da ignorância
Me impediam de manipulá-la
Com perfeição.
Desejava gozar aquele amor,
Mas era como se tivesse
Uma argola de aço no saco,
Apertando mais e mais,
Não vivi o que pretendia,
Mas essa privação
Moveu os pinceis de minha mente,
E acabei pintando
Um dos mais belos e inocentes
Quadros de minha vida.

Sexo
Marcelo Tadeu

No silêncio da noite
Ela me ensinou todos os segredos
Me levou aos caminhos desconhecidos
Onde jamais eu tinha ido
Me fez crescer
Me fez sentir alguém
Me revelou o desejo, todo o querer
Me mostrou uma vida
Que minha inocência
Não me deixava ver

Limite
Paulo D’Auria

o primeiro amor é definitivo
nunca houve e jamais haverá
o primeiro amor é uma brincadeira
com brinquedos novos e fantásticos
o primeiro amor está entre
a luz e a escuridão
a terra dos fantasmas
e o reino das fadas madrinhas
um hímen
um hífen entre o tudo e o nada

o primeiro amor é simples assim:
é a descoberta do mundo

fica bem no meio da terra de ninguém
em uma ilha que não está nos mapas
entre a inocência pornográfica do:
“mostra a sua que eu mostro o meu...”
e a culpa definitiva do:
“senão, eu me mato!”

o primeiro amor nunca acaba mas
é só o primeiro
o primeiro passo
na trilha sem bússula
do medo
e do desejo

Um comentário:

Caranguejunior disse...

Massa Poetada!


Abrax!