em branco

gavetas do tempo


Vou sentir falta da iluminação de natal.
Ainda que tenha minhas dúvidas quanto ao conforto de nossas belas tipuanas com seus troncos e galhos tomados por centenas de lampadinhas acesas por noites a fio, ainda assim, vou sentir falta da iluminação de natal.

No Trianon, nas avenidas Sumaré e Pompéia, a caminho de casa, cruzei madrugadas que não eram comuns madrugadas paulistanas. Esses caminhos assim iluminados me levavam a outros lugares, minha casa ainda, mas outros lugares.
Certa noite fui parar em minha casa no tempo em que as bolas de natal eram feitas de um vidro tão fino que se quebravam com o suspiro de um grilo, e cada uma era uma obra de arte única, pelo menos aos meus olhos de menino.
Hoje, todas elas se quebraram? Não terá sobrado uma ao menos nalguma gaveta do tempo?

E agora que as avenidas voltaram a ser apenas avenidas com sua iluminação ordinária, e agora, para onde irei, o que vou encontrar quando voltar para casa?

Um comentário:

Caranguejunior disse...

é Paulão, tem que se contentar com a iluminação dos semáforos da cidade,e imaginar outros natais...

Abraço!