em branco

são paulos


São Paulos, são joãos e Josés
São Marias, são Claras e das Dores
São cidades armadas de concreto e aço
Nas vilas Marianas, Santanas, Moemas

São cidades-colagem de aglomerado e papelão
Sob as pontes das marginais
Automóveis de mil cavalos
Carroças movidas a gente

São Paulo esparramada subindo a Cantareira
Descendo até o mar
São Paulo amontoada subindo até o céu
E sob o metrô da Sé
Uma estação secreta para o inferno

Cidade que já morreu
E outra que ainda nem nasceu
São Paulos que eu amo
Todos os dias depois
De jurar eterno ódio

Seus homens de terno no asfalto ao verão
Mendigos ao relento nas madrugadas de inverno
As morenas da zona norte
As madames da zona sul
Orgulho na zona leste
Guaranis na zona oeste

Zona, zona, zona e esperança
Esperança, esperança, esperança e espelunca
Locomotiva desgovernada do Brasil
Porta do mundo, cidades mil

São Paulo tem mil cantos
São Paulo tem professor de esperanto
Se você quer falar javanês, vá a São Paulo
Se você quer falar cantão, vá a São Paulo
Se você quer falar baianês, vá a São Paulo
Se você quer falar ao coração, vá a São Paulo

Do Jaraguá tem vista
Para a Paulista
Na Paulista
Ninguém enxerga ninguém

Buzinas e mundo cão
Subindo e descendo a Consolação
Eu me perco na multidão

Mas lá no fundo um cocoricó, um Rincão
Eu nunca me sinto só
Na matriz da Freguesia do Ó

7 comentários:

Fernanda Rodrigues disse...

O que dizer desse poema?
Que não posso perdê-lo de vista até meus últimos dias?

Cássia ... disse...

Simplesmente MARAVILHOSO!!

Gosto mto do que vc escreve!

bjokinhas

Paulo D'Auria disse...

Hehehe,

Fê, se já estou assim aos 43, imagina aos 86!

Beijos!

Fernanda Rodrigues disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fernanda Rodrigues disse...

Paulo, no dia em que eu ganhar na loteria, ao invés de editar meus próprios livros, vou preferir ser editora dos seus.

rsrsrs



bjs!

* aos oitenta e poucos? Não posso nem imaginar, já que você se supera a cada dia. Parabéns!!!

Paulo D'Auria disse...

Fê,
Obrigadão pelos elogios!!!
Mas não editar seus próprios livros, com seus poemas deliciosos, seria um desperdício!!!

Então, vamos combinar assim:
Se qualquer um de nós ganhar, nos comprometemos a editar os livros de ambos!

Beijos, amiga!

rogerio santos disse...

Maravilha Paulão.
A poesia mora ao lado !

Saudações da Frega !