Quando nos casamos, uma bicicleta não resolveria nosso problema. Nem um fusca 73 estava mais resolvendo.
Tínhamos esta necessidade de estar juntos que só os apaixonados entendem. E não era só pra fazer sacanagem não, Sr. Mente Suja! Precisávamos conversar, compartilhar o dia, acertar os ponteiros do mundo.
E essas longas digressões já naquela época começavam a ficar perigosas tarde da noite num fusquinha, e a atrapalhar o sono de nossos solteiros companheiros de quarto.
A bicicleta viria a seu tempo, mas então era tempo de casamento.
Casa não tínhamos, dinheiro muito menos. Mas, somando nossas vontades, nossos amigos e a gravata do noivo, até uma lua-de-mel nós tivemos.
E fomos andar de bicicleta na lua, na lua-de-mel, nas ruas da lua.
Muito tempo depois, nossa volta mais longa, queríamos ver um moinho, e os dois Dom Quixotes, cada qual Sancho Pança do outro, alugamos uma bicicleta em Bruges, Bélgica, e pedalamos, pedalamos, pedalamos até encontrar nosso moinho de vento.
O tempo das bicicletas havia chegado e parecia que iria durar para sempre!
Mas furaram-se os pneus, enferrujaram-se os aros, rodou o moinho dos tempos.
Nós dois seguimos em frente, hoje de patinete, amanhã de rolimã, depois, quem sabe?
Palhaços do circo do mundo, enquanto houver esta lona azul de sol e estrelas, até na corda-bamba nós vamos!
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