Socorro!! Rei Momo se aproxima! Com seu terrivel bafo "sambóstico" e seus tentáculos "batuquentos" e de um mau gosto sem tamanho! Não vou viajar e não tenho TV a cabo, para uma diversão sadia e não-carnavalesca.
Só me restam a meia duzia de livros da "baciada" do sêbo, meus DVD's e CD's. Falando em CD's, anteontem virei ou achei que virei, adolescente de novo! Me vi pulando e rindo feito bobo, ouvindo "Led Zeppelin" e "Guns n'Roses"! Dei gritos agudos com Robert Plant, toquei "Air Guitar" com Jimmy Page e fiz a dancinha clássica de Axl Rose, coisa que não fazia a anos, desde que a banda estourou. Mas tudo isso, embalado pelas velhas musicas, já escrevi sobre o fiasco de "Chinese Democracy" em outra crônica, e só posso afirmar uma coisa: "Musica boa é musica velha!" A musica nova não passa de marmita requentada! Bom, voltando a dancinha, nem preciso dizer que não tive coragem de me encarar no espelho, calvo e gordo(e na real, não muito diferente do Axl atual)...
Daí, ontem, fui a Galeria do Rock, comprar uma camiseta nova...No caminho, parei numa banca de revistas usadas e me deparei com a edição encadernada da HQ "Badger-Alucinado", é sobre um super-herói com multipla personalidade, o cara é doido, sofreu abuso do padrasto, quando criança, deixando o trauma de Batman no chinelo! Sempre me interessei por personagens problemáticos assim, como o herói da Ópera-Rock "Quadrophenia" do "The Who"("Quadrophenia" seria a esquizofrenia ao quadrado, o personagem tem a personalidade dos quatro integrantes da banda) Então, depois de ler o gibi, posso dizer que a maturidade me ajudou a "digerir" melhor a estória, o que eu não queria enxergar na época em que a li pela primeira vez, hoje me aparece bem claro, eu não tenho multipla personalidade, mas sou um ser em pedaços, procurando a cola em coisas que já se passaram, ou na poesia. Na multipla personalidade do personagem "Badger", cada parte sabe bem quem é, já no meu caso, minhas "partes" já não sabem lá, muito bem! Quando estou reunido com os "Poetas do Tietê", me sinto temporariamente "remendado", mas depois, os dias que se passam são como enormes tesouras...E a proximidade do Carnaval, esta "festa estranha, com gente esquisita", como diria Renato Russo, "fazem-me" sentir "pedaços de alguem perdidos na folia"... Átomos aturdidos entre confetes e serpentinas... Tento reunir os pedaços nas folhas de papel, e jogar o enigma para o leitor que quizer decifrá-lo, em forma de crônica ou poesia...
Chegando na loja onde costumo comprar minhas camisetas de rock(é a mais barata, 17 reais, mas fica 15, se você paga com dinheiro)... Minha intenção era comprar uma do "Guns", mas eram muito espalhafatosas, com suas rosas e revólveres enormes, ou caveiras com cartola de Slash, ou ainda, a foto do Axl, com aquele shortinho de lycra! Daí, pulei o catálogo para a letra "L", e acabei escolhendo uma mais discreta, do "Led", branca, só o nome da banda e aqueles simbolos...Poisé, se fosse um novo adolescente, de fato, acharia aquelas camisetas do "Guns", o máximo!
Mas sou apenas um "pré-coroa" perdido...Me agarrando a sensações de prazer vividas num tempo que não volta mais, o "sexo, drogas e rock'n roll" deveria soar o mesmo, mas já não o é! O sexo, não existe há muito tempo, vivo o celibato forçado, e não o "voluntário", alardeado por Morrissey, na época dos "Smiths"... As drogas, apenas o "Ormigrein" e o "Engov", meus companheiros quando o assunto é comida gordurosa e uma cervejinha a mais, cortesia de um tempo em que enchia a cara com o vinho vagabundo "San Tomé", e depois vomitava numa pracinha perto de casa, com uma camiseta dos "Ramones" e um jeans todo rasgado. E o velho rock'n roll é o que resta! É o que penso, ao cruzar na Galeria, com um senhor careca, com um grande rabo de cavalo branco.
Se velhos somos, mais velhos ficaremos...Não podemos ir rejuvenescendo com os anos, como no filme "O curioso caso de Benjamim Button"...Me canso logo de pular ao som de "Paradise City", sento no sofá, com o peito ofegante e minha discreta camiseta do "Led", colada ao corpo suado, ligo a T.V. e levo um susto, com uma vinheta de escola de samba, e acabo minha noite de "volta a adolescência", resmungando como um velho!
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