Imagem: Andréia Martins
Na Papoetaria do dia 20/07, os Poetas do Tietê homenagearam Vinicius de Moraes, mestre da música popular brasileira, em comemoração ao seu centenário de nascimento.
Lemos algumas das famosas cartas em forma de canções de Vinícius, como Carta ao Tom e A Carta Que Não Foi Mandada e, em seguida, escrevemos nossas próprias cartas ao Poetinha do Brasil.
Abaixo algumas cartas que os poetas do Tietê escreveram para o poetinha.
Vinícius de Moraes,
Sinto falta de suas poesias e músicas. Eu também sou poeta, apesar de não escrever tão bem como você.
Sinto falta de suas poesias e músicas. Eu também sou poeta, apesar de não escrever tão bem como você.
Na poesia, também gosto de falar sobre amor.
Meu amigo Vinícius, as coisas aqui na Terra não estão muito boas: muita violência, guerras. O mundo está precisando de sua poesia para se acalmar. Estão faltando suas musiquinhas.
Meu amigo Vinícius, as coisas aqui na Terra não estão muito boas: muita violência, guerras. O mundo está precisando de sua poesia para se acalmar. Estão faltando suas musiquinhas.
Tenho certeza que aí no Céu as coisas andam bem, pois deve estar presenteando a todos com sua poesia.
Espero que na sua reencarnação você volte o mesmo poeta.
Espero que na sua reencarnação você volte o mesmo poeta.
Marcelo Tadeu
São Paulo, julho de 2013
Vinícius
Poeta, desde que você se foi as
coisas mudaram muito por aqui. Difícil explicar porque ao mesmo tempo é
como se nada tivesse mudado. Tá tudo tão mais simples e tão mais
complicado. Política, rapaz, é um troço chato. Deixa pra lá, vamos falar
de amor.
Saudade de você. Um novo samba
da benção, de tempos em tempos, nos faria bem...
Ninguém mais canta o amor como você cantou. O amor eterno e chama, o amor verdadeiro. Logo depois que você se foi, pichei em alguns muros de São Paulo “Tristeza não tem fim, felicidade sim.” Um de seus sambas que mais gosto, um hino. Mas hoje vivemos uma ditadura da felicidade. Letra de samba agora está mais para quadrinha de banheiro — os sambas de hoje são todos alegrinhos, de uma felicidade forçada — banheiro de rodoviária.
Ninguém mais canta o amor como você cantou. O amor eterno e chama, o amor verdadeiro. Logo depois que você se foi, pichei em alguns muros de São Paulo “Tristeza não tem fim, felicidade sim.” Um de seus sambas que mais gosto, um hino. Mas hoje vivemos uma ditadura da felicidade. Letra de samba agora está mais para quadrinha de banheiro — os sambas de hoje são todos alegrinhos, de uma felicidade forçada — banheiro de rodoviária.
Hoje em dia se usa uma expressão
que quando você se foi ainda não era comum: “Vergonha alheia”. Pois é,
poeta, tenho sentido vergonha alheia pela música brasileira... As letras
perderam a poesia, e nosso país, que já foi tão bem representado por
você, por Baden, por Tonzinho, hoje só faz reforçar a imagem de país da
bunda e do carnaval...
É claro que aí está muito melhor
que aqui, seja aí onde for, céu ou inferno. Sei que é difícil, ainda
mais depois que o Tom chegou pra te acompanhar ao piano. Mas seria bom
se vez ou outra desse uma espiadinha por nós.
Com saudade,
Paulo D’Auria
Com saudade,
Paulo D’Auria
Brasil, século XXI, um dia qualquer, ano de dois mil e treze.
Caro Vinicius,
Não
volte, não volte Vinicius. Fique aí em cima mesmo, fique aí Vinicius,
com seu vicio. Não desça Vinicius, fique aí com seu Bandolim, tire um
som com Tom Jobim, mas fique aí. Fique Vinicius, fique, não desça de
jeito nenhum, sente-se em uma nuvem confortável e escreva uns versinhos
(Já ia esquecendo, abra o portão do céu pra Dominguinhos que ele já
subiu). Não volte Vinicius, não volte. Não retorne Vinicius, não desça.
Em nenhum santo, não baixe. É só um aviso Vinicius, não volte não. Fará
bem para você e para sua inspiração, não retorne, nem se for na
contramão, não venha, não caia. Fique Vinicius, fique. É só um aviso.
Aqui
embaixo, querem me matar Vinicius, querem me enterrar, de qualquer
jeito, me trucidar. Já saiu a sentença Vinicius, eu estou morrendo, aos
poucos, dia após noite, noite após dia. Já era Vinicius, já era. Só
estou esperando fechar os olhos para sempre Vinicius e quem sabe subir,
ou descer... Na verdade nem sei para onde irei. “Querem acabar comigo, isso eu não sei por que”
Não fiz nada de mau pra ninguém Vinicius, sempre fui respeitada. Mas
agora não me respeitam mais Vinicius. Perdi a esperança de um dia ser
como era antes. Estou cada dia pior Vinicius, fique por aí mesmo mestre,
não desça. Aí está bem melhor, com certeza, se um dia eu subir Vinicius
(o que não vai demorar). Quero que me recepcionem bem. Quero ver você
sorrindo Vinicius, junto com Tom, Dominguinhos, Tim Maia, Gonzagão,
Cazuza, Jackson do Pandeiro, Mestre Salú, Chico Science, Elis, Mussum, Renato Russo, Raul Seixas, Nelson Gonçalves, Dorival
Caymmi, Cartola, Adoniran, Bezerra da Silva, Capiba, e todos os mestres
que fizeram-me feliz e fizeram-me grande. Sim fui feliz Vinicius, mas
hoje não sou. Estou cada dia mais triste, mas sem graça Vinicius. Estou
definhando, estou apodrecendo, morrendo um pouco a cada dia.
Vou
terminar esta carta Vinicius, te pedindo, por favor, para que você não
retorne. Não volte para cá, aí é sua morada e em breve será a minha
Vinicius. Um dia iremos nos encontrar todos aí. Um dia voltarei a ser
feliz com vocês, como era antes.
Com amor,
Música Brasileira.
Música Brasileira.
(Caranguejúnior)
Nenhum comentário:
Postar um comentário