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Portinari: Guerra e Paz

Os Poetas do Tietê visitam a exposição dos painéis "Guerra e Paz", de Cândido Portinari


GUERRA X PAZ
Caranguejúnior
(poema feito sobre o mote “A marreta da morte é tão pesada / que a pedreira da vida não aguenta” retirado do site interpoetica.com)

Desse mundo o ódio tomou conta
Dos corações dos homens sem amor
Que plantam violência, guerra e terror
Espalhando a dor na primeira afronta
Manchando o céu com cor avermelhada
De batalhas sem propósitos e sangrentas
Para matar usam várias ferramentas
De rancor à alma já está armada
A marreta da guerra é tão pesada
Que a pedreira da paz não aguenta


Inocentes se vão como o vento
A morte chega sem convite
Estraçalha vidas igual dinamite
Sem chance de qualquer argumento
E Deus chora com as mãos lavadas
O homem que do poder se alimenta
De ambição sua aura é sedenta
Na sorte a humanidade está lançada
A marreta da guerra é tão pesada
Que a pedreira da paz não aguenta


 
Portinari
Marcelo Tadeu

Mas que bela magia é essa
Apenas com um lápis e um pincel
Se utilizando de todas as cores
Mostrou ao mundo
Em desenho tão vivo
A tristeza da guerra
E a alegria da paz

 
Tinta Azul!
Carolina Hermanas

De vários ângulos vejo o teu sofrer,
Sentada,ajoelhada e descabelada.
Seria fome? Ou vontade de viver?
Um coro ressoando ao teu redor,
Seria o fim dos tempos?

Crianças formando rodas,
Meninos brincando nos balanços,
Todos inertes no seu próprio morrer.

Olhos despertos,
A cada passo uma transmutação de cores;
Enquanto houver guerra,
A cor preta — destruidora de sonhos — prevalecerá.
Teus sonhos serão escuros,
E tuas palavras também.

Talvez, se ver um pouco do azul,
A esperança se reerga.
Tuas mãos escondem tua feição;
O que é isso manchando teus dedos?
Seriam lágrimas de sangue?
Ou gotas de chuva?

Olha a tua volta,
Vê sangue e escuta gritos.
Por fim, teu último suspiro.
Um balde de tinta azul é jogado na sua cabeça; tarde demais!

Homem Morrendo
Carolina Hermanas

Desenho meu rosto num painel,
Retoco minha boca torta,
Puxo os olhos para baixo - agora estão caídos;
E me vejo numa situação horrenda.

Aproximo-me do meu ser,
E vejo o que estou pintando;
O meu sangue, a minha origem.

Começo a tossir,
Uma,duas, três vezes,
E, na terceira, meu pulmão infla.
Dou uma última pincelada antes de cair.
Mas quero que veja;
Não estou me autorretratando,
Estou me matando fazendo o que amo.
Estou morrendo em meio aos pincéis.

 
Guerra e Pés
André Dia(s/z)?

O que vejo agora,
Contemplo absorto
A mãe que chora
seu querido filho morto,

Porque eu sou assim?
Não consigo ver a tristeza da cena?
Deus! Olhai por mim!
Não consigo, de fato, sentir pena!

Só consigo ver
aqueles pés enormes,
perfeitos a preencher
minha obsessão, com suas dimensões disformes!

Aquelas voluptuosas solas sujas
de calcanhares inteiramente rachados,
Fazem-me igual aos vampiros e bruxas,
Seres amaldiçoados!

Há uma ignominiosa guerra
dentro de mim,
Contra esta bestial fera,
a uivar sem fim!

Peço então, a redenção
me ajoelho e lambo como reza,
em minha canina abjeção
degusto os pés da mãe, sem pressa.

Medito e percebo então,
Nunca mais encontrarei a paz
Guerra e pés serão
realidades jamais deixadas para trás.

Terra e Paz
André Dia(s/z)?

Vi a criança
nos braços da mãe,
como boneco desengonçado
Qual o valor da vida humana?

Vi o sangue
encharcar a terra,
como chuva do céu
quando os anjos cortaram os pulsos

As feras cravaram as garras
na inocência do menino,
Que jaz como brinquedo quebrado
pelas garras do homem diabo,

Sob seu sangue de querubim,
que ensopando a terra,
enfim, encontra a paz.

 
Na gangorra dos homens
Paulo D’Auria

I
As mãos,
as mãos,
as mães.
A mãe com o filho nos braços está de costas,
a mãe com o filho nos braços é uma pietá de rosto coberto,
a mãe e o filho nos braços feito uma boneca, de pau,
a mãe e o azul do filho morto.

As mães,
as mães,
as mãos.
As mulheres choram com as mãos na cabeça
sobre os cabelos desgrenhados,
As mãos erguidas ao céu em prece
sobre os cabelos rabiscados,
as mãos cobrindo as faces
dessas desgraçadas pietás sem rosto.

A morte vem cavalgando vermelha
sobre seu cavalo rabiscado,
desgraçado,
desgrenhado
à lápis.
A morte cavalgando em seu puro sangue.

II
No balanço do tempo
as crianças alçam voo,
no diabolô do tempo
as crianças se reinventam,
no coro do tempo,
as crianças.

Na gangorra dos homens
e no balanço do tempo.
Na gangorra dos homens,
e no balanço do tempo
o mundo segue seu curso não-inevitável
e as crianças brincam
simplesmente.

Um comentário:

Marluce Aires disse...

Parabéns pela excelente visita que esses blogueiros fizeram . Um abraço da amiga: Marluce