Abaixo, o resultado de nossos primeiros exercícios:
André Dia(s/z)?
Na minha frente,
Mesas vazias,
Os poucos rostos,
Também vazios,
Meu copo vazio.
Só as estrelas
No céu,
Estão cheias,
Cheias de esperança
No amor
Ou algo além,
Ou simplesmente
Inspiração
Para escrever
Uns versinhos
Para meu bem.
Glamour
Paulo D'Auria
Enquadrados no centro da fotografia os casais,
as mulheres, os passantes,
as luzes,
as luzes da cidade ardendo no centro da fotografia.
Mas as sobras aqui
e ali, nos cantos
venezianas entreabertas, vazias,
mesas vazias,
moleques de recados vazios;
galhos de uma árvore flutuando no canto,
o tronco fora
da fotografia.
Sobras sombras sem forma de fora
do centro ardente
da fotografia.
A Estação de Saint-Lazare, de C. Monet
O Último Trem
André Dia(s/z)?
Na estação
Eles vêm e vão,
Numa busca
incessante,
Corações de manteiga
e pedra,
Mergulhados no
ferro e a fumaça,
Espíritos macambúzios
presos na carne,
Aguardando o
último trem,
Rumo à estação
Paraíso
Fumaça azul
Paulo D'Auria
No céu sem cor
a fumaça é azul
a fumaça da locomotiva
Na estação sem cor
idas e vindas cinzas
e vidas
a fumaça é azul
A fumaça da locomotiva
sozinha alheia aos anseios
e passeios dos corações
em casacões marrons
Sozinha cumprindo o seu destinos nos trilhos
derramando a tinta azul de sua fumaça
nas telas
sem vida
No teatro do Tendal, bem ao lado de onde escrevíamos nossos exercícios, o Coral do Tendal da Lapa fazia uma apresentação e, claro, inspirou-nos.
A Chuva
André Dia(s/z)?
Um canto
Melancólico
Me chega aos ouvidos,
Anjos de negro
Anunciam o fim,
A chuva cai
Forte,
Varrendo de meus
Pensamentos
O que já se foi,
Nas colunas
De pedra
Deixo inscrito
O lamento
Do último poeta
A crer num
Mundo de ilusão.
Coro
Paulo D'Auria
A música dos coros sempre me fala ao coração, mas não é um diálogo. Não pede licença, não bate na porta.
Invade.
A música dos coros com suas mil vozes profundas não entra pelos meus ouvidos, envolve feito jibóia meu coração, extraindo minhas emoções por esmagamento.
A música dos coros sempre me faz chorar, porque dói.
PS: Estou nas cochias do teatro, de repente o elenco do coral invade os bastidores para a troca de figurinos. A moça de preto veste um espartilho vermelho acendendo em mim as emoções mais básicas do ser humano, as emoções com cores, resgatando-me do poço escuro para onde já me arrastava a música dos coros.
Papoetaria, todos os sábados das 11h00 às 13h00 no Tendal da Lapa, Rua Constança, 72.
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