em branco

almas velhas

Almas velhas na sala de estar,
Seguram o ovo do silêncio com tal cerimônia
Que mais parece um ovo de tímpanos.

- Shhhhh! Uma alma velha cochilou!
O ovo aproveitou e bambeou, bambeou na sua mão.
Entretanto, diante do cenho assustador das outras almas-guardiãs,
O ovo
Equilibrou-se no ar.

De repente um rebento arrebenta sala adentro,
Chora como choram as crianças esfomeadas,
O ovo do silêncio bambeia, bambeia
Não se aguenta
E estatela-se no chão!

O menino que nem sabe ser rogado,
Deleita-se, lambuza-se
Na gororoba de gema e clara esparramada.

As almas velhas, desnorteadas, acham por bem sorrir,
Porém suas faces de pó começam a trincar
Rachar, desabar na medida do movimento.

Instigados os 73 músculos do sorriso,
Dissolvem-se as almas no ar,
Qual vampiros
Em filmes b.

Um comentário:

Caranguejunior disse...

muito bom Paulão!!
e principalmente vc interpretando! demais!
abraço!