em branco

A Caixa de Cada Um

Na Papoetaria deste sábado (27/08), André Dia(s/z)? trouxe o segundo capítulo de "O Pequeno Príncipe". Depois da leitura, nos fez a seguinte pergunta: O que há na caixa de cada um de vocês?

O Pequeno Príncipe (trecho)
de Antoine de Saint-Exupéry

Desenhei de novo.
Meu amigo sorriu com indulgência:
- Bem vês que isto não é um carneiro. È um bode... Olha os chifres...
Fiz mais uma vez o desenho.
Mas ele foi recusado como os precedentes:
- Este aí é muito velho. Quero um carneiro que viva muito.
Então, perdendo a paciência, como tinha pressa de desmontar o motor, rabisquei o desenho ao lado.
E arrisquei:
- Esta é a caixa. O carneiro está dentro.
Mas fiquei surpreso de ver iluminar-se a face do meu pequeno juiz:
- Era assim mesmo que eu queria! Será preciso muito capim para esse carneiro.
- Por quê...
- Porque é muito pequeno onde eu moro...
- Qualquer coisa chega. Eu te dei um carneirinho de nada!
Inclinou a cabeça sobre o desenho:
- Não é tão pequeno assim... Olha! Adormeceu...
E foi desse modo que eu travei conhecimento, um dia, com o pequeno príncipe.

Caixa de André Dia(s/z)?

Na minha caixa
tem um par de sapatos
que eu guardo
para a última caminhada,
São sapatos alados
para caminhar por cima das nuvens,
Por cima de toda coisa feia que me cerca,
Pularei o muro mais alto,
O muro com o arame farpado da maldade,
E sapatearei feliz
ao som das trombetas dos anjos.

Caixa de Marcelo Tadeu

Na minha caixa
Estão todos os meus sonhos
Talvez nunca saiam de lá
Em minha vivência
Talvez nunca os veja se realizarem
Mas sempre estarão lá
Manterei a caixa sempre cheia
Já que nunca deixarei de sonhar

Caixa de Caranguejúnior

1.
Na minha caixa
Cabe nada e tudo
Cabe o branco e o escuro
Cabe o mar
Iemanjá

Na minha caixa
Cabe tudo e nada
Cabe o beijo da namorada
Cabe as Pirâmides do Egito
Cabe o grito

Na minha caixa
Nada e tudo cabe
Rosas Guimarâneas
Pra Lê Minsk
E o olhar de Clarice

Na minha caixa
Tudo e nada cabe
Paráforas e metábolas
Engenhocas e repimbocas
Einsteins e Franksteins

Te digo amigo
Que na minha caixa
Cabe a noite e o dia
Cabe um tantinho assim
De poesia

2.
Na minha caixa
Há um poeta louco
Prestes a recitar
Um poema

Quiçá este poeta
Saía da caixa
Desembrulhe-se
E desenterre o poema

Pois lugar de poema
É fora da caixa!

A Caixa de Paulo D'Auria

1.
O que você acha?
Cê acha que se encaixa?
Que acha uma brecha?

A minha caixa
embora quase cheia
sempre sera meia
sem você.

2.
na minha caixa o mundo in
teiro   e   o   céu   e   a  lua
meia   e   o   sol   do  meio
dia  na  minha  caixa  vazia

3.



4.

SYNchronicity:
Caixa Mágica de Marcelo Ferrari

Na Papoetaria de 20/08, André Dia(s/z)? nos apresentou a história de Otávio Júnior (leia matéria abaixo) e em seguida nos propôs o tema: Meu 1º livro.


Otávio Júnior, militante da leituraBruno Dorigatti (Portal Litaral) · Rio de Janeiro (RJ) · 12/2/2010
O primeiro contato de Otávio Júnior com a leitura foi muito estranho, algo mais próximo da ficção, como ele mesmo ressalta. “Achei um livro no lixo, a caminho de um campo de futebol. Eu andando no meio do lixão, que ficava próximo à minha casa, encontrei um livro, levei pra casa. Aí tudo ficou nublado, o tempo fechou, e ia armar uma chuva muito grande. E eu li, li, li, e depois voltou tudo ao normal, o sol saiu de novo”, conta. Segundo ele, foi ali, ao ler Don Ratton, uma obra infanto-juvenil,que colocou na cabeça o desejo de ser escritor, aos 8, 9 anos de idade.

Morador da Vila Cruzeiro, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro, mais conhecida como a comunidade do jogador de futebol Adriano, Otávio Júnior é aquele caso tipicamente improvável de quem não dá bola para as adversidades e corre atrás do que acredita. Em 1998, montou o projeto Teatro na Escola, com a peça O livro encantado, escrita por ele, e onde fez também o cenário com material reciclado, papelão e isopor que encontrava no lixo. Ia então às escolas para apresentar a peça, que falava da importância da leitura na vida das crianças. Esse foi o início. Hoje Otávio mantém o projeto "Ler é 10, leia favela", que, em três anos e meio, atendeu 6.500 crianças de comunidades como a sua, onde o livro praticamente inexiste.
Leia a matéria completa em:
http://portalliteral.terra.com.br/imprime_artigo/otavio-junior-militante-da-leitura

A Primeira Vez
André Dia(s/z)?

Lembro de ti
Como se fosse ontem,
Percorri tuas linhas
feitas de um mundo novo
Condensado no meio de tua capa dura
Que, a cada vez que abria,
Em êxtase, me deparava
Com tantas letras, vírgulas
E vida vibrante.
Em estado de priapismo lírico
Agarrava a caneta trêmula
E a metia a escrever coisas,
Pois senti
Que dentro de minha alma inquieta
Havia também várias letras
Prontas a serem ejaculadas,
E que, um dia, quem sabe,
Formariam, ao contato
Do velho caderno-útero,
O feto tresloucado,
Que desavergonhadamente,
Eu chamaria de poesia!

Inspiração
Marcelo Tadeu

Me acomodei num canto
Fiquei em silêncio
O dia estava estranho
Havia algo em mim
Que eu não sabia explicar.
Não queria conversa
Apenas queria ficar quieto,
Peguei um livro e comecei a ler,
E uma inspiração
Que só poderia vir do céu
Tomou conta de mim,
Peguei papel e caneta
E escrevi meu primeiro poema

O Guardador de Livro
Paulo D'Auria

Feito um guardador de rebanhos
o guardador de livros nunca os leu,
mas é como se os tivesse lido:
O guarda noturno da Biblioteca Municipal é analfabeto
E entende os livros no escuro.

Todos os dias ele vem no contrafluxo do rush
de seu barraco no morro
para o centro da cidade.
Os últimos leitores saindo,
os bibliotecários dando boas-noites,
as luzes se apagando.

Assiste a novela no celular com tv digital
e, ao final, começa a ronda.
De lanterna na mão, folheia os livros.
Começou adivinhando histórias pelas figuras,
hoje, entende tudo:

Abre os livros maiores e de letras menores,
elas se movem nas páginas,
acaricia-lhes com as pontas dos dedos.
Fecha os olhos,
apaga a lanterna
e ouve.

É na escuridão que Deus fala com ele.

Reencarnação








Na Papoetaria deste sábado,
Marcelo Tadeu sugeriu que trabalhássemos sobre o tema "Reencarnação", o resultado você confere abaixo:







Reencarnação
Marcelo Tadeu

Na minha outra vida
Tudo será mais simples
Já que agora sei todos os caminhos
Não perderei mais tempo
Não deixarei escapar
Nenhum momento
Na minha outra vida
Todos os dias serão grandes dias
Serei diferente
Na maneira de falar
De pensar e de amar
Levarei em mim os ensinamentos
Que tirei dos meus próprios erros
Me livrarei da ignorância
Que habita meu ser
Minha outra vida será fantástica
Pois agora
Eu sei viver



Caminhada Incessante
André Dia(s/z)?

A longa estrada
não termina nunca,
O ponto de partida
já não me recordo.
Apesar de ainda colher espinhos
Penso apenas
Em plantar as rosas,
Flores estas
Feitas de esperança,
Cujo perfume faz-me
Pensar em dias melhores
Já sem os espinhos
Lá do ponto de partida,
Nestas eras, tantas vidas,
Caminhada incessante.


Volta Revolta
Paulo D’Auria

Por que você voltou
Fazendo barulho como quem
Não deve nada a ninguém?
Por que você voltou
Desarrumando tudo outra vez
Como se fosse a primeira vez?

Sim, eu te amei,
Mas isso foi antes de eu mandar publicar
Um anúncio na seção de óbitos
Com seu nome, RG e fotos

Se você pensa que pode simplesmente reaparecer
Com essa cara de nada, de reencarnada
Saiba que tem muito pecado para expiar

Eu te odiei por esta vida e por 3 mais
Por sua causa recuei 3 estágios na minha evolução
Estou arriscando regressar como uma barata

Então não venha se fazer de sol
Com seu sorrido feito de sol
Não retorne radiante
Que joguei fora esta minha encarnação
Cavando 7 níveis de inferno
Onde lhe enterrei
Cavando 7 níveis de inferno
Para lhe soterrar.